2º Domingo da Quaresma

Transfiguration_Raphael2

1ª Leitura – Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Salmo – Sl 115,10 15.16-17.18-19 (R. Sl 114,9)
2ª Leitura – Rm 8,31b-34
Evangelho – Mc 9,2-10

“E os levou a uma alta montanha…”

“Naquele tempo: 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles.3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: ‘Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.’ 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!’ 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer ‘ressuscitar dos mortos’.”


C
omentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

O mistério de Cristo transfigurado lança uma nova luz no caminho de penitência que iniciamos em nossa caminhada para a Páscoa. A visão antecipada do Cristo glorioso é reforço de esperança, incute certeza em continuar almejando a meta começada. O caminho é a cruz, mas a meta final é a transfiguração definitiva na ressurreição.

A transfiguração revela o mistério de Cristo, escondido em sua humanidade assumida livremente por amor e ilumina a sua missão sofredora de “Filho do Homem”, na revelação de Filho de Deus. A revelação de Deus aos homens e a história da salvação acontece gradativamente. O Sinai, o Horeb, o Moriah – os montes da revelação do Antigo Testamento -, que são todos ao mesmo tempo montes da paixão e montes da revelação e, por sua vez, chamam a atenção para o monte do Templo, onde a revelação se faz liturgia. O monte aparece como lugar da subida, mas não apenas da subida exterior, mas também interior. O Tabor, o Calvário, montes que elevam o homem ao encontro com Deus, tocando o seu mistério. Tudo aponta para o Cristo Senhor, Ele é o centro da história, o esplender da glória do Pai, a meta de todo ser humano. Em Cristo Jesus se realiza o desejo intrínseco e extrínseco que o homem carrega dentro de si, esse desejo é o da tenda definitiva (shekinah). “Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário” (Sl 27,4). Mas para chegar ao monte, tenho que despojar-me da carga inútil e supérflua, dos pesos ilusórios, das falsas seguranças que me impedem de empreender a subida. Depois de tudo, subirei para poder ver a Deus e serei transfigurado no monte que é Cristo.

Apareceram-lhe Elias e Moisés…

Elias e Moisés falavam com Jesus. A Lei e os Profetas rejubilam nessa hora, que anteviram e ansiavam por esse momento. As promessas e as alianças, que agora se cumprem em Jesus Cristo. No mistério da Transfiguração encontram-se os dois Testamentos: Aquele que veio cumprir toda a Justiça de Deus, que se tornou nossa Justiça, que foi anunciado por todos os Profetas, o Cristo Jesus.

Calam-se as vozes, dissipam-se as figuras, para ceder lugar ao Filho muito Amado do Pai. Moisés e Elias falavam com Jesus acerca da cruz, da sua morte em Jerusalém. A cruz de Jesus é êxodo: partida desta vida. No alto e no triunfo do monte, celebrava-se a Paixão. Deste modo, mostra-se que o tema do diálogo é a ‘esperança de Israel’, agora realizada no Filho do Homem, Jesus Cristo.

Ao descerem do monte, Jesus fala com os discípulos que o acompanhavam, Pedro, Tiago e João sobre a sua futura ressurreição dos mortos, que antes deve passar pela cruz. Os três discípulos ficaram assustados pela grandeza da aparição no monte, é o ‘susto perante Deus’. Eles experimentaram a proximidade de Deus em Jesus.