Carta para as vítimas da guerra e suas famílias

Vítima fatal em atentado em Paris 13-11-2015A GUERRA É LOUCURA E DEVEMOS PARÁ-LA!

Carta para as vítimas da guerra e suas famílias

 

ÀS VÍTIMAS

 Morreu, não importa como. A sua foi seguramente uma morte horrível, veio de forma inesperada, sem aviso prévio, mesmo no auge da vida, ou quando era uma criança e procurava simplesmente afeto.

guerra-e-morteEntão, sua vida foi interrompida por uma bomba disparada de um canhão ou vinda do céu, de um tiro de fuzil, de uma facada, ou por gás venenoso, ou foi queimado vivo por um lança-chamas, ou talvez você tenha sido vítima de uma das duas bombas atômicas de Hiroshima ou Nagasaki, ou dos campos de extermínio nazistas ou soviéticos. Em um instante você se tornou nada, talvez, de você não tenha sobrado nem mesmo um pedacinho de corpo para enterrar, uma história para contar. Você pode até mesmo ter visto o rosto do soldado que o matou ou que, se mulher, antes foi estuprada e depois morta. Ou, se você era uma criança, pensou ter encontrado um brinquedo estranho com que se divertir e, em vez disso, foi uma “mina” daquelas feitas especialmente para matar as crianças como você ou mutilá-las permanentemente. Foi provavelmente uma mina “made in Brasil“, (O Brasil é o quarto maior exportador de armas, segundo o relatório “As Armas e o Mundo” divulgado pela Small Arms Survey, entidade que monitora conflitos armados e o comércio de armas de fogo no mundo. Só perde para os Estados Unidos, Itália e Alemanha) o orgulho da maior indústria do país. Então você poderá vangloriar-se, no além, que morreu por uma mina de “qualidade brasileira“. E se foi somente mutilado, talvez tenha desejado, mil vezes, estar morto do que suportar o sofrimento e as memórias de sua mutilação.

arma_menino
Criança iraquiana segura uma arma de brinquedo diante de um soldado americano e um iraquiano, em Bagdá (Foto: Hadi Mizban/AP)

Você morreu porque alguém construiu a arma que o matou. Alguém a concebeu e projetou para ser a arma mais mortal possível no seu gênero. Uma empresa, e são sempre grandes empresas, que tem produzido armas, empregando homens e mulheres que trabalham para que o produto seja feito da melhor maneira. E para produzi-las poluíram o ambiente e, em seguida, destruiu partes de um território para experimentá-las. Outros venderam essas armas. Outra pessoa, no final da corrente, usou essa arma para o matar, em obediência a uma ordem que foi dada por outra pessoa que ele reconheceu como seu líder supremo, capaz de obrigá-la a cometer um crime que as mesmas leis condenam como o maior crime que um ser humano pode cometer. Um ato que todas as religiões condenam, mas que muitas vezes é feito em nome e por conta de uma religião ou por uma interpretação falsa e absurda de uma religião. Na história da humanidade temos sempre encontrado algum “líder religioso” corrupto, que vendeu sua autoridade e usou o nome do seu deus para incitar seus seguidores à guerra, ou seja, à destruição de outros seres humanos e da Terra. A origem dessas doutrinas é o dinheiro que tem servido para corromper o líder religioso que a aprovou. O único “deus” que esses religiosos conhecem é o “deus dinheiro“.

E você foi morto pelo “deus dinheiro”

E se foi morto por um kamikaze, também antes de ser carregado de explosivos, foi preenchido com ideologias geradas e difundidas pelo “deus dinheiro” que é o motor da guerra.

Em nome de Jesus Cristo, um homem pacífico que não se defendeu mesmo quando o prenderam e mataram, foram travadas dezenas e dezenas de guerras. O mesmo foi feito em nome dos deuses gregos, romanos, egípcios, ou do deus dos judeus e dos muçulmanos …. Mas, na verdade deus era sempre o mesmo, “o deus do dinheiro“.

E você foi morto pelo “deus dinheiro”

Para iniciar uma guerra são necessários normalmente dois elementos, o “casus belli“, isto é o motivo, geralmente falso, para fazer estourar uma guerra, e uma ideologia vagamente religiosa que a sustenta para incitar o ódio contra o povo que você quer atacar. Ainda é assim, aliás, hoje, a guerra atingiu um nível sem precedentes de cientificidade, nunca alcançado antes. Mas, na realidade, o deus é sempre o mesmo, “o deus dinheiro“.

E você foi morto pelo “deus dinheiro”

Contra-a-guerra-e-pela-paz-verdadeira.Para iniciar uma guerra como aquela que o matou, ela se tornou uma verdadeira arte, com muitos livros e escolas que ensinam “a arte da guerra“. Dezenas de livros foram escritos sobre o assunto e alguns se tornaram muito famosos. E há escritores e filósofos que criaram uma “cultura de guerra” real, inventando palavras como “heroísmo“, “glória“, “honra“, “mártir“, a serem usadas para convencer os soldados a se alistar e aprender a matar e destruir o inimigo.

Mas você foi apenas uma pessoa que se encontrava no lugar errado, na hora errada, não era um soldado, não pertencia a qualquer exército, não era um inimigo. Você era um civil, mas eles te chamam de “efeito colateral“. Vivia na sua cidade, transformada de repente em um lugar de morte e destruição.

E há partidos políticos, ligados a fortes interesses econômicos e a empresas bélicas, que sustentam ideias militaristas, que pagam atores, cantores, músicos, poetas, para que louvem a guerra e a descrevem como uma ação heroica e digna de ser travada. E convencem os jovens a participar e descrevem a profissão das armas como uma profissão nobre e heroica. E esses mesmos partidos exaltam o ódio pelo diferente, por aqueles que têm uma cor de pele diferente da sua, por aqueles que têm uma religião diferente. E tem ódio para com os migrantes ou os refugiados, mesmo com aquelas pessoas que fogem da guerra que está sendo travada na terra onde nasceram e viveram. E os refugiados são obrigados a se submeter à prisão em campos de concentração ou violência racista por pessoas que zombam de sua religião e cultura.

O deus desses partidos é sempre o mesmo, o “deus dinheiro“.

E você foi morto pelo “deus dinheiro.”

Em torno de sua morte passou uma enxurrada de dinheiro. Os capitais da indústria que produziu a arma que o matou, os salários dos trabalhadores que a construíram, as comissões de traficantes de armas, os subornos que acabaram nos bolsos daqueles que permitiram a venda ou que criaram tensões políticas entre nações e povos para apoiar o início da guerra, os salários dos soldados que o mataram. Sim, porque para você ser morto, alguém foi pago. É a força do “deus dinheiro“.imuweapons

E você foi morto pelo “deus dinheiro”

E quando você está morto, todos aqueles que fizeram dinheiro em armamentos que mataram você, todos os políticos que levaram seu país à guerra, derramam lágrimas e se polvilham suas cabeças com cinzas e clamam por vingança e punição dos culpados, como está a acontecer neste momento com as vítimas do massacre que teve lugar em Paris, sexta-feira, 13 novembro de 2015. Lágrimas de crocodilo. Eles choram, mas tenho certeza que entre eles riem, estão esfregando as mãos para mais negócios que eles podem fazer com a venda de outras armas. Outras mortes serão adicionadas à lista de vítimas da guerra.

E, nos dias da carnificina de Paris, chegam notícias de casos de negócio entre os governos de vários países europeus fabricantes de armas, começando com a mesma França e Itália, e outros países que estão em guerra e todos os dias bombardeiam pessoas inocentes. E os fabricantes de armas encontram sempre um primeiro-ministro ou um ministro dadefesa” ou um general do exército disposto a ajudá-los a vender armas. É a força do “deus dinheiro“.

E você está morto por causa do “deus dinheiro”

Enquanto isso, você está morto e ninguém poderá dar-lhe a vida de volta e restituí-lo aos seus entes queridos e, talvez, eles próprios estejam mortos e ninguém vai sentir pena da sua morte; serão espalhadas somente lágrimas hipócritas.

siria-guerra-120206105913_mediumA guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. A guerra é uma loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura. ….
Gostaria de repetir isto milhões de vezes, uma para cada vítima das guerras que até agora ensanguentaram a humanidade. Somente no século passado, que foi o mais sangrento da história humana, as vítimas devem ter excedido a cento e dez milhões de pessoas. Este século vai ser pior do que o anterior pela quantidade e o poder das armas que já existem ou que estão sendo produzidas.

É a força do “deus dinheiro“.

E você está morto por causa do “deus dinheiro”

  

PARA AS FAMÍLIAS DAS VITIMAS

Sua dor é imensa. Não haverá palavras adequadas para aliviá-los. Menos ainda poderão aliviá-los, as palavras ou as lágrimas dos governantes que são responsáveis pela situação de guerra em que nos encontramos.

Ao contrário do que no passado, hoje vivemos em uma situação de guerra, mas nos comportamos e agimos como se ela não fosse verdade e não nos interessasse. E quando essa guerra mundial que está sendo travada na África ou no Oriente Médio ou na América do Sul, começar a mexer com todo o mundo, ficaremos estupefatos por não ter sido avisados pelas mídias que matam a verdade e mistificam as informações.

capa13

E esta mistificação se origina do fato de que todos os Estados aderentes à ONU, para respeitar as suas próprias constituições, não poderiam estar em guerra. A rejeição da guerra, a ONU a tem em seu
estatuto social a partir do primeiro artigo
. Então se inventou a “guerra humanitária“, “as missões de paz“, “o combate ao terrorismo“, que eles próprios têm financiado por anos, para usá-lo para começar uma guerra. É a força do “deus dinheiro“, e seus entes queridos foram mortos pelo “deus dinheiro“.

É necessário, então, que cada família de uma vítima, cada sobrevivente da guerra, se transforme em um militante sempre empenhado com a paz, porque essa é a única maneira de evitar que haja mais mortes e mais vítimas inocentes e a destruição da Mãe Terra. Devemos tomar consciência de que “a guerra é loucura“, disse-o o Bom Papa João XXIII, repetiu-o na ONU o beato Paulo VI, “Jamais la guerre! Jamais la guerre! ”. Repete-o o Papa Francisco e todos nós devemos nos esforçar para parar esta maldita “terceira guerra mundial em pedaços“, que está destruindo milhões de vidas e poderá levar à destruição de toda a humanidade

A guerra é loucura, a guerra é loucura, a guerra é loucura e temos que pará-la. Digamo-lo continuamente, falemos a todo mundo, não hesitemos em repeti-la para que esta palavra, Paz, se torne realidade.

(fotos: domínio público)