A IGREJA DE ROMA

gesupietrochiaveVERDADEIRA IGREJA DE CRISTO

     Na noite da vida, adverte João da Cruz, seremos julgados sobre o amor. Sobre o amor a Deus e à Sua Santa Igreja, porque “não pode ter Deus como Pai quem não tem a Igreja como mãe”, dizia São Cipriano. Esta Esposa de Cristo, então, é a nossa mãe, e como tal tem o direito de ter todo nosso amor e todo o nosso cuidado.

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d-chautard     Um dia, o primeiro-ministro francês, Geoges Clemenceau, desabafava de modo muito vulgar contra a Igreja, e Dom Jean-Baptiste Chautard, Abade da Abadia de Chambarand, respondeu-lhe: “Senhor, […] para sua Excelência, a Igreja parece uma mulher como outra qualquer, contra a qual pode jogar qualquer tipo de palavrão, mas essa mulher é uma mãe para mim. Ela pode estar doente, debilitada, talvez culpada, mas é a minha mãe, uma mãe que eu amo tanto quando ela sofre. Por favor, Senhor, na minha frente respeite a minha mãe”. O primeiro-ministro entendeu e ficou calado.

     Todos os Santos tiveram pela Igreja uma verdadeira paixão, pela simples razão de que não se pode conceber um amor por Deus, sem um amor para com a Igreja. Santo Agostinho escreveu: “Nós também receberemos o Espírito Santo, se amarmos a Igreja, se permanecermos unidos na caridade, e nos alegrarmos do nosso nome e da nossa fé católica. Acredite-me, irmãos, quanto mais alguém ama a Igreja, tanto mais abunda nele o Espírito Santo”.

     Dom Vicente Paglia, Presidente do Pontifício Conselho da Família, declarou: “Em nenhuma parte Deus está presente como na Igreja … que é a sua manifestação criada”. E acrescentou: “Ame-a com toda a sua alma, com toda a sua vontade, com todo o seu coração e com toda a sua força; o que significa crer Nela, em todas as coisas obedecer sempre a Ela, sentir com Ela e como Ela e servi-la de todas as maneiras, sem cessar e com devoção absoluta, ajudando-a com toda a sua força e colaborando para com as suas obras”.


     A Igreja é uma sociedade Divina e esta sociedade, à qual pertencemos, é verdadeiramente a nossa família e a nossa Pátria. Talvez não se recomende suficientemente a necessidade de pensar “cum Ecclesia”. É preciso viver com a Igreja para formar uma só coisa com ela, ter o sentido e o respiro católico em todas as coisas. “Devemos manter a nossa lealdade para com a Igreja – alertou o padre Pierre Faber, um dos primeiros sete jesuítas que seguiram Santo Inácio de Loyola – até os menores pensamentos e nunca falaremos com leviandade de sua majestade. Devemos sustentar a fé em suas relações e nas dificuldades que Ela encontra no mundo … Nunca devemos nos envergonhar Dela. Nunca devemos ficar insatisfeitos quando a sua prática se opõe a certas idéias que temos defendido”. Nosso dever é obedecer sempre.

     A vida da Igreja sobre a terra é uma imolação constante: o sacrifício – a partir da Santa Missa – é tão conatural que não se pode imaginar sem ele. No curso dos séculos, esta terna mãe foi objeto de ingratidão, de desprezo e de traição por parte de muitos filhos corruptos e degenerados. Hoje, mais do que nunca, Ela vive o seu Getsemani e a sua paixão. Não devemos ficar surpresos da Paixão da Igreja porque, para usar as palavras de Santa Catarina de Sena, “a Igreja é o mesmo do que o Cristo” Poderíamos até dizer que a história da Igreja é a história póstuma de Cristo, sendo que Cristo e a sua Igreja formam um único Corpo.

safe_image     A Paixão de Cristo é a Paixão que vive hoje a Igreja, perseguida exteriormente e traída e abandonada no seu interior, ou como dizia o Papa Ratzinger, “a maior perseguição da Igreja não vem dos inimigos de fora, mas nasce do pecado no interior da Igreja”. À frente do panorama ruim que está abaixo dos nossos olhos, não podemos permanecer indiferentes Nenhum filho pode permanecer indiferente à dor de sua mãe. Mas o que fazer? “Recolhe os seus suores – dizia Jesus a Santa Catarina de Sena – toma suas lágrimas … Alcança a fonte da minha divina caridade, e com ela, unida aos outros meus servos fieis, limpa o rosto da minha esposa. Prometo-te que isso devolverá à Igreja a sua primitiva beleza”.

     É preciso lutar pela Igreja, para defender a sua doutrina e a sua tradição, os seus direitos e a sua liberdade. As armas necessárias são a imolação, a oração, a ação, e, se necessário, o nosso sangue. Um filho que vê a sua mãe insultada e traída, e não a defende, não é digno dela. Um filho nunca abandona sua mãe, muito menos ousaria traí-la. Precisa-se de fidelidade às promessas do nosso batismo, ou seja, fidelidade até a morte, sem compromisso algum.

o-papa-bento-16     Devemos estar bem conscientes de que a Igreja é santa em seu princípio, em sua constituição e em seu propósito, mas não é composta de santos, “immaculata ex maculati” (a Igreja é santa e sem mancha embora acolha nos seu seio homens manchados de pecados) definia com frase magistral Santo Ambrósio, Bispo de Milão. É uma sociedade em que o humano está misturado com o divino, como mostra o primeiro colégio apostólico instituído pelo próprio Cristo, em que havia um traidor. Ao longo dos séculos a Igreja passou por períodos de obscurantismo e decadência. Mas sempre saiu mais resplandecente graças às reformas feitas por homens santos. Nesses momentos tristes e terríveis, os inimigos aproveitam a oportunidade para julgar de modo cruel e – se possível – desfigurar o esplendor do seu rosto. Mas, um verdadeiro filho da Igreja não se escandaliza por essas misérias morais.

     Façamos nosso o desejo cheio de amor filial de Jacques Bossuet: “Ó Santa Igreja Romana, mãe das outras igrejas e de todos os fiéis, Igreja querida por Deus para acolher os seus filhos na mesma fé e na mesma caridade, nós lutaremos sempre pela sua unidade, com todas as nossas forças. Se eu me esquecer de ti, ó Igreja de Roma, possa ser esquecido eu mesmo; a minha língua se seque e permaneça imóvel na boca, se eu não te colocar no cume de todas as minhas canções de alegria”.

     Amemos, portanto, com imenso amor, a Igreja, que é a mais adorável de todas as mães. “Amemus nostrum Deum, amemus Ecclesiam eius” (Amemos o nosso Deus, amemos a sua Igreja) (Santo Agostinho).

Fotos: Divulgação