1º Domingo do Advento

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1ª Leitura – Is 63,16b-17.19b;64,2b-7
Salmo – Is 79 2ac.3b.15-16.18-19(R.4)
2ª Leitura – ICor 1,3-9
Evangelho – Mc 13,33-37 

“O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. 34É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. 35Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. 37O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”


Comentário por Padre Simeão Maria, fmdj.

Com o Primeiro Domingo do Advento, começamos o novo ano litúrgico. No Evangelho Jesus nos exorta a vigilância. Jesus diz para nós: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento (v. 33). A exortação é tão importante que Jesus sente a necessidade de dar uma ênfase maior contando uma parábola brevíssima: “É como um homem que, ao partir para o estrangeiro…” (v.34). Esse homem da parábola é o próprio Jesus. Ao deixar este mundo para voltar para junto do Pai, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino” e de tornar realidade um mundo construído de acordo com os valores do Reino. Os discípulos de Jesus não podem, portanto, cruzar os braços, a espera que o Senhor venha; eles têm uma missão – uma missão que lhes foi confiada pelo próprio Jesus e que eles devem concretizar, mesmo em condições adversas. É necessário não esquecer isto: esta espera, vivida no tempo da história, não é uma espera passiva, de quem se limita a deixar passar o tempo até que chegue um final anunciado; mas é uma espera ativa, que implica um compromisso efetivo com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico.

Quem é o “porteiro”, com uma tarefa especial de vigilância? Para Marcos, o “porteiro” é aquele que tem uma responsabilidade especial na Comunidade cristã… A sua missão é impedir que a comunidade seja invadida por valores estranhos ao Evangelho e à dinâmica do Reino. A figura do “porteiro” adequa-se, especialmente, aos pastores da Igreja, a quem foi confiada a missão da vigilância e da animação da comunidade. Eles devem ajudar a comunidade a discernir permanentemente, diante dos valores do mundo, aquilo que a comunidade pode ou não aceitar para viver na fidelidade ativa a Jesus e ao seu projeto.

Todos – “porteiro” e demais servos do “senhor” – devem estar ativos e vigilantes. A palavra-chave do Evangelho deste dia é esta: “vigilância”. Contudo, “vigilância” não significará, para os discípulos, o viver à margem da história, num angelismo alienante, evitando comprometer-se para não se sujar com as realidades do mundo e procurando manter a “alminha” pura e sem mancha para que o Senhor, quando chegar, os encontre sem pecados graves; mas será o viver dia a dia comprometido com a construção do Reino, realizando fielmente as tarefas que o Senhor lhes confiou. Essas tarefas passam pelo compromisso efetivo com a construção de um mundo novo, um mundo que viva cada vez mais de acordo com os projetos de Deus.

O nosso texto assegura aos discípulos, em caminhada pelo mundo, que o objetivo final da história humana é o encontro definitivo e libertador com Jesus. “O Senhor vem” – garante-lhes o próprio Jesus; e esta certeza deve animar e dar esperança aos discípulos.

O advento é tempo de espera, de renovação da esperança. O cristão é vigilante quando presta atenção nos sinais dos tempos e enxerga o tempo da graça, o kairós, tempo de Deus.